fonte: Estadão

A cada ano, milhares de turistas estrangeiros desembarcam no Brasil sem estar interessados em praias, cachoeiras ou museus. O que os atrai são hospitais e tratamentos médicos aos quais não têm acesso em seus países de origem por razões como atraso tecnológico ou altos custos.

O destino desses pacientes são hospitais privados de excelência que, de olho na demanda crescente, investem em serviços exclusivos para estrangeiros. Um deles é o Sírio-Libanês, que viu o número desses clientes crescer 68% em três anos – foram 6,7 mil estrangeiros atendidos no ano passado, ante 4.007 em 2013. Os números incluem tanto os que praticam turismo médico, ou seja, viajam exclusivamente para fazer um tratamento, quanto estrangeiros que vivem no Brasil. O primeiro grupo representa 60% do total de atendimentos.

Paulo Ishibashi, diretor de relações com o mercado do Sírio-Libanês, conta que a maioria dos pacientes estrangeiros vem de países da América do Sul: Uruguai, Paraguai, Venezuela e Bolívia. Entre as especialidades mais procuradas estão oncologia, cardiologia, ortopedia e neurocirurgia.

Diagnosticada neste ano com câncer na região do pescoço, a uruguaia Martha Ribeiro, de 58 anos, viajou para o Brasil para se tratar no Sírio-Libanês. “Aqui há equipamentos mais modernos. Já conhecia porque trouxe meu pai, com câncer, há quatro anos. No caso dele, a maior parte do tratamento foi no Uruguai e o tumor evoluiu. Desta vez, não quis esperar”, conta o filho dela, o engenheiro Anthony Figueroa, de 32 anos.

No Hospital Samaritano do Rio, são cerca de 800 estrangeiros atendidos por ano. A unidade conta com um departamento para o relacionamento com esse público, com equipes médicas fluente em seis línguas (inglês, espanhol, italiano, francês, alemão e hebraico), grupo multidisciplinar exclusivo e profissionais administrativos bilíngues. Parte dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e semi-intensiva conta com equipamentos de tradução nas camas e em tablets disponíveis para o uso dos pacientes.

No Hospital do Coração (HCor), 350 estrangeiros procuram atendimento todos os anos. “A maioria é da América do Sul ou de Angola, por causa do idioma. Somos referência na área de cardiologia, mas muitos nos procuram para cirurgia de tumor de cabeça também”, explica Marina Cervantes, gerente de Relacionamento com Pacientes e Médicos do HCor.

Mapeamento. O Hospital Alemão Oswaldo Cruz tem mapeado os enfermeiros que falam outras línguas, além de contar com serviço de atendimento com funcionários que dominam ao menos o inglês e o alemão. “Não há uma especialidade principal, mas algumas se destacam na procura, como urologia, cirurgia digestiva e ortopedia”, diz Fabio Katayama, superintendente operacional do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.